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João Pessoa, PB, Brazil
Especialista em TERRITÓRIO: Planejamento Urbano e Ambiental, pela UEPB, anteriormente foi pesquisadora do PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ciências Humanas (Geografia Geral e Cultural), atuando principalmente nos seguintes temas: Educação do Campo, Desenvolvimento Sustentável e Projetos Sociais

domingo, 24 de janeiro de 2010

Desertificação no Brasil: causas e conseqüências

BANDEIRA, Sâmia Érika A. de C.
Novembro 2009

As atuais pesquisas científicas vêm por meio dos seus resultados confirmarem que diversos problemas ambientais, muitos deles “rotulados” como processos “naturais”, os quais incidem sobre o ecossistema de uma forma geral são causados pela exacerbada exploração econômica a qual visando o lucro em curto prazo e tendo como base as conseqüências em longo prazo, vai dando continuidade a seu projeto catastrófico de modo a tornar a sociedade cada vez mais indiferente aos seus hábitos diários de destruição das condições que possibilitam a vida em nosso planeta.

Um dos problemas ambientais mais preocupantes hoje é o processo de desertificação o qual transforma em deserto, extensas áreas antes cultiváveis. Muitos fatores influenciam gradativamente para esse processo, são eles o manejo indevido do solo por parte da agropecuária que primeiro desmata para a prática da monocultura direcionada a exportação, usando práticas modernas de irrigação (nada sustentáveis), fertilização química e agrotóxicos, responsáveis pela lixiviação, salinização, alcalinização e erosão do solo como também a compactação deste pela atividade de pecuária extensiva e pelo peso do maquinário agrícola a qual interfere no ciclo hidrológico fazendo com que a precipitação seja maior que a evaporação (favorecendo enchentes) e contaminando os recursos hídricos, desde um lago até alcançar o lençol freático e o organismo humano. As queimadas além de degradarem o solo e contribuírem para o aquecimento global podem acelerar a desertificação devido o desaparecimento da fauna e da flora e conseqüentemente levar a perda total do patrimônio genético local transformando toda a região em um Núcleo de Desertificação.

No Brasil temos quatro Núcleos de Desertificação: em Gilbués-PI, Irauçuba-CE, Cabrobó-PE e Seridó-RN totalizando uma área de 18.743,5 km² em estágio caótico de desertificação.

Outra atividade além da agropecuária ocupa uma posição relevante no cenário da degradação do solo, trata-se do extrativismo, pois temos em nosso país extensas áreas de reservas ambientais, entretanto não estão devidamente seguras pelo Ministério do Meio Ambiente visto que muitas delas vêm sendo absurdamente devastadas como também exploradas por mineradoras que extraem suas matérias primas e suas gemas preciosas, chegando até mesmo a escravizar a mão-de-obra local e a lançar ao meio ambiente metais pesados altamente nocivos ao bioma, enquanto isso os grupos criminosos (nacionais e/ou estrangeiros) permanecem impune sob um esquema subserviente formado por indústrias multinacionais e instituições ligadas a “preservação”.

Considera-se finalmente que as atividades que degradam o solo são produzidas pelo capitalismo por serem altamente lucrativas e alavancarem o cenário econômico nacional aos patamares das grandes potências mundiais mesmo que tais lucros não garantam a qualidade de vida da população brasileira, no entanto é importante ressaltar que a agricultura familiar (sustentável e orgânica) é cada vez mais escassa em relação a economia mundial, mas ela representa 70% da produção agrícola no pais como explica Oliveira in Rossi (2003) “na agricultura o capital [...] ora ele controla a circulação dos produtos, ora se instala na produção”, o que vem mantendo o setor primário do país em equilíbrio econômico incluindo a policultura para o mercado interno porém essa lógica que vem dando resultado pode está beirando um colapso devido o alto índice de desertificação causado pelo monopólio agroindustrial.

Deste modo leva-nos a concluir que as conseqüências da desertificação não podem ser evitadas, o que se pode prevenir são suas causas, por meio da substituição de práticas gananciosas por outras mais sustentáveis que primeiro priorizem a dignidade humana e a preservação da natureza, pois esse é o único caminho para minimizar os insustentáveis problemas de ordem social onde se encontra mergulhado o nosso país.